sábado, 3 de outubro de 2009

Dá que pensar

Fui à festa, mãe. Fui à festa e lembrei-me do que me disseste. Pediste-me que eu não bebesse álcool, mãe... Então, bebi uma 'Sprite'. Senti orgulho de mim mesma, exactamente o modo como me disseste que eu me sentiria. E que não deveria beber e de seguida conduzir.
Ao contrário do que alguns amigos me disseram. Fiz uma escolha saudável e o teu conselho foi correcto.
Quando a festa acabou e o pessoal começou a conduzir sem condições, fui para o meu carro, na certeza de que iria para casa em paz...
Eu nunca poderia esperar... Agora estou deitada na rua e ouvi o policia dizer: 'O rapaz que causou este acidente estava bêbado'. Mãe, a voz parece tão distante... O meu sangue está por todo o lado e eu estou a tentar com todas as minhas forças não chorar... Posso ouvir os paramédicos dizerem: “A rapariga vai morrer”. Tenho a certeza de que o rapaz não agiu intencionalmente, antes de forma inconsciente, irresponsável. Afinal ele decidiu beber e conduzir!! E agora  eu tenho que morrer. Então... Porque é que as pessoas fazem isso, mãe?! Sabendo que isto vai arruinar vidas? A dor está a cortar-me como uma centena de facas afiadas. Diz à minha irmã para não ficar assustada, mãe; diz ao pai que ele tem que ser forte. Quando eu partir escreva na minha sepultura “Menina do Pai”. Alguém deveria ter dito àquele rapaz que é errado beber e conduzir. Talvez se os pais dele o tivessem avisado e ele seguido o seu conselho, eu ainda estivesse viva... Minha respiração está a ficar mais fraca mãe e estou a realmente cada vez com mais medo. Estes são os meus momentos finais e sinto-me tão desesperada... Gostaria que tu pudesses abraçar-me mãe, enquanto estou aqui esticada a morrer, gostaria de poder dizer que te amo mãe... Então... Amo-te Adeus!!!...

Estas palavras foram escritas por um repórter que presenciou o acidente.
A jovem, enquanto agonizava, ia dizendo as palavras e o jornalista ia anotando...

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